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"Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (...) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Penso que sou um quebra-cabeça.
Onde as experiências e as pessoas que fazem parte da minha vida são as peças.
O desenho do quebra-cabeça é único, foi desenhado no útero da minha mãe.
As cores, traços e quantidade de peças alteram-se o tempo todo, a última peça será encaixada somente no dia de minha morte.

Algumas peças fazem parte da estrutura do desenho, sem elas a figura fica disforme. É como ver um rosto sem olhos, boca ou nariz. Estas eu chamo de família.

Outras peças complementam o formato e colorem algumas partes. Estas eu chamo de amigos.
A ausência de algumas destas peças, provocam um buraco que nem sempre pode ser substituído, é um buraco dolorido, essa dor eu chamo de saudade.

Outras tem o poder de trazer novas peças, novas cores e completam um cenário. Estas são surpresas da vida, e proporcionam algo que eu chamo felicidade. Tem diversos formatos, e se encaixam varias partes, um destas partes alguns chamam de coração.

Os traços e expansão do quebra-cabeça são formados por peças que chamo de conhecimento e trabalho. A fluidez dos encaixes eu prefiro nomear como sentimentos e emoções.

O que se deve saber sobre todas as peças, é que cada uma tem seu encaixe e quase todas são mutantes, em alguns momentos se encaixam perto ou longe. Temos que respeitá-las, pois este é o elo que temos com um outro quebra-cabeça que tem um outro desenho, traços e cores.
Todos os quebras-cabeça, tem pelo menos uma peça em comum, esta ligação alguns chamam de sociedade, eu prefiro ter uma visão um pouco mais abrangente, e chamar o coletivo de todos os quebras-cabeça de Gaia.


TLT

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Castelo de cartas - parte 2


Quanto a ultima carta caiu, toda minha insatisfação com o meu emprego, com a minha vida social, amorosa e existencial veio a tona. Minha tolerância diminuiu a um nível alarmante. Passei a falar menos, a sair menos e a observar e ler mais.

Nestas observações, pude classificar melhor minhas amizades, as dividi em dois, dos que estão "dentro" e os que estão "fora".
Um grande amigo quando viu no estado “fechada para visitação”, simplesmente me disse “você está fechada para visitação, mas se esquecerá dos que estão ai dentro? ” ... respondi.. “jamais”
Isso resumo tudo! os pouquíssimos que estão aqui dentro me veem e sabem que coisas simples ajudam muito, sabem ver a tempestade, se proteger e deixá-la passar ao seu tempo.

Os que estão fora, enxergam nuvens escuras, mas não querem entendê-la, querem somente saber o que se passa com o mesmo interesse e preocupação que dão as notícias do jornal. E continuam exigindo atenção às suas ações e pensamentos fúteis, egoístas e narcisistas. Ou só se aproximam quando há algo a absorver, são como vampiros, seu único interesse e ter, não compartilhar.

Eu não tenho mais paciência para isso. Mas todos eles se somam ao som das risadas e das músicas, preenchem os espaços vazios...Também tem o seu papel... mas agora não tenho nada a dar... serei uma grande decepção a eles!

Continuarei fechada para visitação, estou focada em conseguir um novo emprego (a cada dia fica mais difícil continuar no que estou – eu odeio o ócio) emprego também tem o seu ciclo de vida, o meu já acabou há muito tempo... Preciso desesperadmente aprender e trabalhar de verdade!!

Continuarei lendo...é o que me mantém em paz... tenho ainda 2 livros para iniciar a minha nova lista, comprei os livros que eu tanto queria (Orgulho e Preconceito, Misto Quente, Noites Brancas e a Bela Adormecida) quero escrever sobre eles futuramente... e preciso amadurecer minhas leituras..

Hoje tenho certeza! se todos tem uma tampa para a sua panela , eu sou uma frigideira!!!
Me empenhei tanto, para me afastar e manter uma “distância de segurança”(afinal eu só me fodo... ou não ¬¬), que não sei mais me aproximar de alguém.. acho que perdi o jeito.
Não luto, não espero e não procuro... já não faz tanta diferença... é triste, eu sei ... mas estou cansada.

Apesar dos contratempos não quero me distanciar dos meus projetos, eles se modificam e sempre há surpresas. Muitas vezes tenho vontade de jogar tudo para o alto.. mas ontem me deu uma vontade de arte... Esta chama ainda não se apagou...

É impossível caminhar sozinha,
Eu ainda não me conformo com tantas dependências...

Castelo de cartas - parte 1


O último suspiro dela fez com que o meu castelo de cartas caísse...

Senta que lá vem a história:
Eu tinha uma cachorrinha vira lata que se chamava Suzy, e morreu beirando seus 17 anos. Ela era uma cachorra muito alegre.
Eu costumava ler ao sol e ela ficava ao meu lado, ou no meu colo, ela não cresceu muito , mas sempre foi um bebe que brincava, pulava e corria.

Até envelhecer...
E então seus olhos não enxergavam mais, ela não ouvia direito e seus pêlos estavam ficando brancos ( ela era bem pretinha como uma boa vira lata, mas tinhas pelos longos e macios). O mais triste é que ela já não conseguia andar direito, nem pular pois suas pernas ficaram fracas. Dava um aperto no coração quando ela tentava brincar, correr e pular mesmo nestas condições. Seu corpo não podia mais, mas ela continuou a ser uma cachorra alegre.

E uma dessas noites frias ela teve uma espécie de AVC, vomitou muito sangue e não conseguiu se mexer mais, se via apenas uma respiração sofrida e profunda. Meu pai hiper protetor viu a situação dela e já decretou morte, me avisou como se não tivesse mais jeito e nem valeria a pena vê-la. Até então eu não a tinha visto e pensei era melhor mesmo não vê-la.

Mas não consegui e a vi, e não sosseguei enquanto não corresse com ela para o veterinário.
Ao chegar lá ela foi examinada, era forte e não iria morrer tão em poucas horas, mas estava sofrendo muito, então a eutanásia era a única opção.
Fiquei com ela, acariciando seus pelos até seu ultimo suspiro, até seu corpo enrijecer e seus olhos ficarem vidrados, seu corpo ainda estava quente quando eu a deixei...

Chorei muito... faz meses, acho que uns dois anos que eu não chorava daquela maneira. Mas por fim fiquei em paz, pois senti que ela estava em paz.


Este tipo de coisa não é uma algo bom para ser compartilhado... ninguém gosta de ouvir ou ler isso.
Mas como este blog é a reunião das minhas palavras contidas tive que escrever.

...E também para filinazar aquele ar de morte que eu estava sentindo... não o sinto mais....

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ms Walker - parte 2


Aqui a senhorita Walker continua dizendo o que penso e sinto.
Ela já diz tudo, não preciso acrescentar nem tirar nada.

obs: Estas palavras ela diz a Desejo

Você já esteve apaixonado? Horrivel não é? Te deixa vulnerável. Te abre o peito e te abre o coração e quer dizer que alguém pode entrar em você e te detonar por dentro.Você constrói todas essas defesas. Constrói uma armadura completa, e por anos nada pode te machucar, aí­ uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida caminha para dentro da sua vida estúpida…Você dá a essa pessoa um pedaço de você. Essa pessoa não pediu por isso. Essa pessoa fez algo besta um dia, como te beijar ou sorrir para você, e aí a sua vida não é mais sua.O amor toma reféns. O amor entra em você. Te come por dentro e te deixa chorando na escuridão, e frases simples como “talvez devêssemos ser apenas amigos” ou “nossa, que perspicaz” se transformam em farpas de vidro movendo-se para dentro do seu coração.Dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo, uma dor do tipo que-entra-em-você-e-te-arrebenta. Nada deveria ser capaz de fazer isso. Especialmente o amor. Eu odeio o amor."
(Fala da personagem Rose Walker, de Neil Gaiman, in: Sandman #65)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ms Walker - parte 1


Uma das minhas teorias é que as histórias de nossas vidas e o nossos pensamentos não são únicos e totalmente particulares. São na verdade compartilhados e tem um elo entre si, cada pessoa vive e pensa em um determinado momento da vida, isso e somente isso é particular, é como se todos tivessem um caleidoscópio particular mas as contas são iguais para todos. Para todos não viverem as mesmas coisas, do mesmo jeito, ao tempo todo, é as contas são dividas. Um grupo de pessoas tem um determinado grupo de contas, e outras pessoas tem outras contas e cada um tem um rítmo de giro diferente.
Parece confuso não?
Mas isso explica muita coisa...

Até uma das coisas é o que vou postar a seguir...
Eu estou lendo o HQ do Sandam e em uma parte há um depoimento de Rose Walker uma das personagens do HQ:


"Diário de Rose Walker"
"Andei fazendo uma lista de coisas que não ensinaram na escola.
Não ensinaram a amar alguem.
Não ensinaram como ser famoso
Não ensinaram a ser rico ou pobre.
Não ensinaram a se afastar de alguém que nao se ama mais.
não ensinaram a saber o que está se passando na cabeça das outras pessoas.
Não ensinaram o que se dizer a alguem que está morrendo.
Não ensinaram nada que valha a pena saber.
As vezes me sinto... merda....se lá oca.
Em geral , quando não sinto que deveria sentir por dentro.

Tenho uma amiga que está morrendo de Aids, O que isso me faz sentir?

Vazia, só isso .. vazia"

Depoimento de Rose Walker - personagem do HQ Sandman (nº61 - Entes Queridos) - Neil Gaimanm.


Percebe? tirando a amiga que tem Aids, quantas pessoas não tiveram este tipo de pensamento?
eu sinceramente tive muitas vezes, muito antes de ler estas palavras ou outras parecidas.
Sabe como eu chamo tudo isso? de Verdade.