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"Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (...) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo." (Clarice Lispector)

terça-feira, 27 de julho de 2010

foto: Morte e Vida Severina, dirigido pelo Moisés Miastkwosky
Não achei ainda a vesão do grupo que assisti, mas o diretor e figurino é o mesmo

..." E não há melhor resposta que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio ,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma ,

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida;

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida;

mesmo quando é uma explosão

como a de há pouco, franzina;

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina."

Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto


E eu ainda com esta quesão de luz e fim, no domingo eu assisti uma peça de teatro mavarilhosa, Morte e Vida Severina. Compartilho aqui com vocês um pequeno trecho que foi usadono folder de divulgação que também foi lindamente recitado na peça.

domingo, 25 de julho de 2010

Um instante por horas

“Mas quero ter a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado”(Clarice Lispector)
Cinza ...

Estou vestida de cinza hoje, uma cor para mim que representa a "quase felicidade", porque os dias cinzas também são harmônicos.

Mas na verdade eu não quero escrever sobre isso. Quero escrever sobre uma das minhas teorias, e tenho muitas!! tenho teorias para tudo. Compartilho estas com meus amigos, que me deram a idéia até de escrever um livro... rs ... um dia vou dedicar um post para compartilhar algumas.

Bem... mas também não era este o meu objetivo inicial....

Tenho saído bastante nestes ultimos tempos, e parece que a distância entre eu e as pessoas aumenta a cada dia. Aproximan-se os corpos e distanciam-se os corações...

Ando sentidndo uma carência enorme, o que eu mais queria hoje é um beijo e um carinho... incrível para algo tão simples é tão difícil...muito difícil... muito.. muito difícil....
Para suprir esta carência ficando olhando as pessoas e fico imaginando a textura de suas peles, a tonalidade da voz, o brilho dos olhos e sorrisos...
é eu sei.. estou ficando doida!!

Mas alguem já olhou no fundo dos olhos de um ator em uma peça de teatro?

Naquele exato momento em que ele esta imerso no personagem, recitando e ou expressando algum sentimento? Ele te para te encara!
A luz é claro esta muito forte e ele não está vendo você de verdade. Mas eu como expectadora me sinto invadida. Sinto aqueles olhos me fitando, entrando em mim e passando aquele sentimento intenso....
Ah como eu adoro teatro! os ápices das músicas e encarar do ator me desmontam.
A minha teoria?

É reflexão sobre a quantidade de coisas que utilizamos para substituir algo simples.
Como eu citei, o afeto e carinho são coisas aparentemente simples, um beijo e um cafuné resolvem o problema, mas na ausência...
Para preencher é necessário muita coisa! eu por exemplo, me preencho com as coisas que eu adoro como ir ao teatro, ouvir música, sair, beber, estar com os amigos e ler o máximo que eu conseguir! Vê ? não é algo desproporcional? um instante por horas! ... não é justo!


Meus pensamentos e sentimentos continuam desconexos, sem muito sentido ou direção. =/

Hoje ainda pensei na relevância de reciclar a água em casa, pensei em como minha cama é boa, pensei que a Lua é maravilhosa, que eu não consigo ouvir hard rock por muito tempo, pensei que eu tenho que para de procrastinar ( mais importante de todos os pensamentos), etc.

E eu ainda acho que o cinza é uma cor alegre...
Hoje li a resposta da minha própria pergunta:
Ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta; a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.Clarice Lispector

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Entrelinhas...


Faz um certo tempo que não posto nada, mas tenho escrito bastante...
Mas tudo o que eu escrevi não pode ser compartilhado, são devaneios obscuros demais, sobre dor, solidão e morte. Ainda não estou preparada para tirar a ultima máscara.
Mas há um grande abismo nas minhas entrelinhas...

Conversando com um amigo, que eu descrevi como estou agora (eu não tinha esclarecido a mim mesma ainda)

Estou passando por uma fase estranha, tenho muitas coisas para melhorar, e as coisas não estão como eu gostaria, mas não consigo fazer nada que mude de imediato, parece que tudo leva um tempo, que parece infinito. As vezes penso que eu irei viver este eterno presente, que nunca vai mudar e eu continuarei a sonhar.


É estranho quando idéias e sonhos se misturam...
Eu poderia reclamar de tudo, mas o meu problema está extamente com o Nada.


Key Words: solidão, sonhar, desassossego,

Ontem eu revi um filme muito bonito, que está na minha lista dos "the Best". Ensina-me a viver ( Harold and Maude). A relação com a morte e com o "aproveitar a vida" vai muito de encontro com os meus pensamentos recentes. Fica aqui uma dica de um filme maravilhoso! Depois que vocês assistirem irão entender um pouco melhor as minhas entrelinhas.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Esquadros

Todos os dias eu saio de casa ouvindo música.
Ando pela rua e me sinto em um video clipe, tenho a impressão que os carros e as pessoas se movem na mesma vibração da música que ouço.
Hora me sinto espectadora , hora atuante nesta cena, que aos meus olhos parece ser surreal, mas não há nada mais verdadeiro do que o movimentar dos ônibus, das pessoas, das núvens e do meu andar.
Muitas vezes eu me sinto meio especatodora da vida...
Até mesmo o meu próprio corpo parece não ser meu, estas mãos que escrevem parecem ser de alguem que desconheço, é como aqueles sonhos que vemos alguem que sabemos que somos nós , falamos e nos movimentamos, mas nossa visão é na terceira pessoa.

Este meu distanciar da realidade compartilhada me preocupa as vezes...

Lembrei de uma música, que se "enquadra' rs...
Hoje me identifico muito com as cores vintages, aquele ar de um sonho antigo, ou de uma lembrança me encanta...




Esquadros
Adriana Calcanhotto

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela?
Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...