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São Paulo, SP, Brazil
"Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (...) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 28 de junho de 2010




Paro no inicio da noite e ascendo um cigarro e contemplo a Lua, grande espectadora de todos os meus tombos e acrobacias, me perco na fumaça do meu cigarro, que parece o insenso que eu ascendia todos os dias no meu singelo altar....

Um dia entre uma das minhas conversas entre eu e a Lua, prometi que iria estudar os mistérios do sagrado feminino, cumpri esta promessa por um bom tempo, mas entrei em uma correnteza que me afastou de tudo me tornando cética, quando enfim consegui sair eu estava completamente nua, sem acreditar em nenhuma manifestação de amor, divina ou carnal.

Hoje, depois de me refazer varias vezes, volto a corrente do rio central da minha vida. No meu barco volta a ter os antigos elementos de antes, porem diferentes e evoluidos. Engraçado como minha base é sempre a mesma...

Não posso ainda dizer que acredito que exista esta "coisa"que chamam de amor, mas enfim...
Basta acreditar que existe uma energia que faz as plantas crescerem e me faz respirar, por enquanto isto me basta.

A principal diferença é que antes eu tinha ajuda, hoje tudo depende somente de mim.
E de volta ao meu rio , tenho um pouco de madeira e cordas, mas tenho que buscar outras matérias primas que ainda faltam.
Por hora vou de ler muito, absorver o conhecimento dos quais farão diferença lá na frente. E que será minhas ferramentas.
Quero aprender mais sobre as histórias mitológicas, sobre música, sobre os mistérios e linguagens dos Deuses e dos espíritos, quero ler os grandes clássicos e aprender um pouco mais sobre finanças e café.

Incrivel como são grandes as formas da fumaça que sai do meu cigarro...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Girando ao contrário


Estou entediada, pesando coisas sujas, inútes e idiotas.


Não sei se é a copa, ver o Kaká, o Júlio César e outros jogadores gatões. Ou é a minha falta de afeto ou facilidade de desapego. A falta de dinheiro , ou é a bebedeira do ultimo final de semana. Talvez seja a minha falta de credibilidade nos relacionamentos (histórias repetitivas com os mesmos problemas, discussões, desilusões, descontentamentos, etc) prefiro evitar a fadiga e continuar solteira.

Por estes e outros motivos, lembrei de um autor que gosto muito, o escrachado Bukowski, que diz a verdade sem maquiagem.


Reuni algumas frases e trechos escritos por ele, que ilustram este meu giro as avessas...


Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas.Charles Bukowski

O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.”Charles Bukowski


E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distancia, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora. Certamente eu nunca seria capaz de ser feliz, de me casar, nunca poderia ter filhos. Mas que diabo, eu nem conseguia um emprego de lavador de pratos.Talvez eu pudesse ser um ladrão de bancos. Alguma porra. Alguma coisa flamejante, com fogo. Você só tinha direito a uma tentativa. Por que ser um limpador de vidraças?Charles Bukowski

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Amigos





Encontro-me em uma fase um tanto diferente, estou meio "off" de mim mesma, mas quero mergulhar no mundo. Explorar, desfrutar, quero me intorpercer de tudo que ele oferece. Cansei de me perder no meu labirinto interior, quero agora fechar meus olhos e dar a mão ao meu amigo e me jogar! Não existe companhia melhor.
Sim... minhas amigas e amigos que são os irmãos que escolhi, ou como diz Vinícios "que reconheci", pois são eles que colorem as contas do meu caleidoscópio.


Amigos
Vinícius de Moraes

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências.
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. É delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí.
E me envergonho, porque essa minha prece é em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer.
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que não desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os. Com o meu carinho!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Hora da Faxina


Hora da faxina.
De abrir o guarda roupa, tirar as roupas que não servem, os sapatos velhos, lavar a roupa guardada.
Hora de abrir a janela, de tirar o pó, limpar o chão e janelas.
De jogar no lixo os papéis, as sacolas e embalagens.
Para mudar de lugar a cama, a comoda, a cadeira, a TV...
De limpar as gavetas, jogar fora os panfletos, os ingressos de cinema, os papeis de bombons, as dobraduras, as contas já pagas.

De se olhar no espelho, tirar a maquiagem, lavar o cabelo, esfoliar a pele, se depilar, hidratar, se ver nua...
E ainda nua, deitar e se sentir exalta, deixar que a mente vague por tudo e enfim dormir. Sentir frio no meio do sono, se enrolar no lençol e continuar dormindo.
Até acordar.

Eu não sei bem o que vem depois... só sei que depois de um tempo aparecerá novamente pó, papeis, ingressos de cinema, roupas usadas...

Eu sempre fui amante do frio, mas rogo por uma dia com sol.

TLT

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Amor é encontro, separação, um pedaço de pano surrado


Eu não sei lidar muito bem com este tipo de tristeza...
Não é aquela tristeza dramática, revoltada, que dá vontade de chorar, gritar, sumir, de brigar...
Mas é uma tristeza fria, como a manhã de hoje, e vazia como uma tarde de domingo chuvosa... Tristeza que não dói...
Já me acostumei com estes altos e baixos, sei que sou forte o suficiente para passar por mais esta, parece que os episódios desta série nunca são inéditos.
...É como sentir um vento gelado com os pés descalços...
Eu não sei muito bem o que fazer além de esperar, de tentar mascarar com afazeres e literatura. Enfim, passar pela mesma coisa várias vezes nem pode ser considerado como algum tipo de "crescimento" ou "superação", talvez eu poderia ganhar até um atestado de burrice por me deixar cair nas mesmas armadilhas, mas acho que muitos tem uma pequena coleção como esta ... o que também não faz muita diferença.

Lembrei agora de um poema de um mangá (Shaman King), que vai de encontro ao que sinto hoje:


Poema - Osorezan Revoir

Para o Yoh:

Essa pessoa que aguarda por ti certamente não te deixará solitário. Ao menos, isso não. Isso não.

Essa pessoa que irá encontrar certamente não te fará sentir solidão. Ao menos, isso não. Isso não.

Para a Anna:

Mil origamis de grous negros dobrados. Pacientemente, essa pessoa carregará teu triste e pesado mistério noturno. Mesmo sem dobrar. Sem dobrar.

Mil grous negros de origami. Pacientemente, essa pessoa abraçará junto de ti a solidão diurna. Mesmo sem dobrar. Sem dobrar.


Para mim (Matamune):

Mil anos existi. Deste pesar finalmente me livrarei. Mesmo vazio. Mesmo vazio.
Meu espírito fragilizado. Desta pesada carcaça finalmente me libertarei. Mesmo vazio. Mesmo vazio.
Mesmo não sendo merecedor... É com prazer que vejo a possibilidade de desfalecer. Frio, talvez me considerem.

Mas nada posso fazer. Ao invés disso, eu aceitaria um sorriso.
Na rua, desamparado, entristecido. No caminho, aborrecido, sem vontade.
Amor é encontro, separação, um pedaço de pano surrado. Monte Osore re-voir.

Mesmo que te mostres firme, amoleces. Aos sonhos ingênuos, te entregas. Amor é encontro, separação, um pedaço de pano surrado. Monte Osore re-voir.

Entre os vivos ainda ando e a tristeza se mantém. Nos encontros de ano novo a alegria vai e vem. Amor é encontro, separação, um pedaço de pano surrado. Monte Osore re-voir.

Essas palavras mal escritas finalmente chegam ao fim. O mundo que brilha lá no alto, onde será? Será a terra onde mora o santo Jizô? Amor é encontro, separação, um pedaço de pano surrado.


Monte Osore re-voir. Monte Osore au revoir...


Este é o poema escrito por Matamune para Yoh e Anna, na parte do mangá conhecida como "Osorezan Re-voir" (edições 37, 38, 39 e 40 na edição brasileira do mangá, lançado pela JBC).