Este texto não é meu, porem é expecial para min.
As palavras ao serem lidas enchem a boca, infla o peito e tem uma mensagem quase subliminar, porem muito clara.
Lembro do meu primeiro livro do Mario Quintana...
Os Insetos Interiores
Notas de um observador:
Existem milhões de insetos almáticos.Alguns rastejam, outros poucos correm.A maioria prefere não se mexer.Grandes e pequenos.Redondos e triangulares,de qualquer forma são todos quadrados.Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.Ramificações da célula rainha.Desprovidos de asas,não voam nem nadam.Possuem vida, mas não sabem.Duvidam do corpo,queimam seus filmes e suas floras.Para eles, tudo é capaz de ser impossível.Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.Regurgitam assuntos e sintomas.Avoam e bebericam sobre as fezes.Descansam sobre a carniça,repousam-se no lodo,lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.Assim são os insetos interiores.
A futilidade encarrega-se de maestra-los.São inóspitos, nocivos, poluentes.Abusam da própria miséria intelectual,das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.O veneno se refugia no espelho do armário.Antes do sono, o beijo de boa noite.Antes da insônia, a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.A família.São soníferos, chagas sem curas.Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.Arrancam as cabeças de suas fêmeas,Cortam os troncos,Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.Esquecem-se de si.Pontuam-se
A cria que se crie, a dona que se dane.Os insetos interiores proliferam-se assim:Na morte e na merda.
Seus sintomas?Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.É mais fácil aturar a tristeza generalizadaQue romper com as correntes de preguiça e mal dizer.Silenciam-se no holocausto da subserviênciaO organismo não se anima mais.E assim, animais ou menos assim,Descompromissados com o próprio rumo.Desprovidos de caráter e coragem,Desatentos ao próprio tesouro...caem.Desacordam todos os dias,não mensuram suas perdas e imposturas.Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.
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