Cena 1
Estou no ônibus voltando pra casa.
Me pego tendo pensamentos obscenos e olho ao meu redor, parece que algumas pessoas me olham. Me sinto envergonhada e tento mudar o rumo dos meus pensamentos, “Nem aqui me sinto liberta”
Tem um moço bonito que me olha, ficamos neste pequeno e improdutivo flerte até eu descer.
Eu gostaria de ouvir os pensamentos dele... ou não, talvez sejam mais obscenos do que os meus.
Cena 2
Chego em casa , minha cachorrinha quebra a sensação de abandono. As coisas nunca mais foram as mesmas depois que eu mandei “ele” embora. Tento me convencer que estou melhor agora, já que estou liberta.... “Mas liberta do que mesmo???”
Mal posso sentar no meu sofá, está tão velho que quando me deito nele parece que levei uma surra. Penso “preciso trocar este sofá, ou talvez devesse somente jogá-lo fora, sobrará mais espaço neste apartamento minúsculo, colocaria um bom tapete e almofadas , e pronto, ficaria lindo!! “ .... talvez...
Mais planos.... como pintar um quadro, reformar o banheiro, fazer regime, ganhar dinheiro, transar pelo menos 3 vezes por semana.... Alguns planos parecem ser totalmente inviáveis.
Cena 3
Depois de um banho quente e demorado me visto e deito nua na cama. Ouço o meu vizinho rico chegar.. “ Ele iria ficar doido se me visse assim” . Desde que me mudei para cá ele me flerta o tempo todo. Sinceramente não sei, o que um cara 20 anos mais velho do que eu, vê em uma garota como eu... sim apesar de ter 25 anos ainda me considero uma garota, “Sou uma merda de uma retardatária mental”. Mas enfim... na verdade eu sei o que ele quer, e oferece jantares, viagens e presentes caros para me conquistar. “Ele acha que sou uma prostituta não é possível”. Se eu sou fosse pelo menos iria querer receber em dinheiro, pelo menos iria gastar com algo que não me lembrasse ele”.
Cena 4
Me visto e vou para a cozinha comer alguma coisa, como algo que eu não deveria, me sinto mal por ingerir tantas calorias e pensar que elas estão inchando meu quadril. Mas continuo, “Amanhã eu começo o meu regime”... Mais planos...
A Internet e a televisão disputam quem é mais fútil e inútil. “Há controvérsias eu sei”, mas sou do tempo que para se obter uma informação útil e interessante eu devo recorrer a um papel não a uma tela... “E eu ainda me acho uma garota” ... rs...bizarro.
Neste apartamento minúsculo no centro, não consigo me abster dos barulhos, mas até que gosto deles. Quando pego meu violão e desafino algumas notas parece que esta cidade me ouve e conversa comigo, "essa ilusão é que me mantém aparentemente sã".
Cena 5
Estou no ônibus voltando pra casa.
Me pego tendo pensamentos obscenos e olho ao meu redor, parece que algumas pessoas me olham. Me sinto envergonhada e tento mudar o rumo dos meus pensamentos, “Nem aqui me sinto liberta”
Tem um moço bonito que me olha, ficamos neste pequeno e improdutivo flerte até eu descer.
Eu gostaria de ouvir os pensamentos dele... ou não, talvez sejam mais obscenos do que os meus.
Cena 2
Chego em casa , minha cachorrinha quebra a sensação de abandono. As coisas nunca mais foram as mesmas depois que eu mandei “ele” embora. Tento me convencer que estou melhor agora, já que estou liberta.... “Mas liberta do que mesmo???”
Mal posso sentar no meu sofá, está tão velho que quando me deito nele parece que levei uma surra. Penso “preciso trocar este sofá, ou talvez devesse somente jogá-lo fora, sobrará mais espaço neste apartamento minúsculo, colocaria um bom tapete e almofadas , e pronto, ficaria lindo!! “ .... talvez...
Mais planos.... como pintar um quadro, reformar o banheiro, fazer regime, ganhar dinheiro, transar pelo menos 3 vezes por semana.... Alguns planos parecem ser totalmente inviáveis.
Cena 3
Depois de um banho quente e demorado me visto e deito nua na cama. Ouço o meu vizinho rico chegar.. “ Ele iria ficar doido se me visse assim” . Desde que me mudei para cá ele me flerta o tempo todo. Sinceramente não sei, o que um cara 20 anos mais velho do que eu, vê em uma garota como eu... sim apesar de ter 25 anos ainda me considero uma garota, “Sou uma merda de uma retardatária mental”. Mas enfim... na verdade eu sei o que ele quer, e oferece jantares, viagens e presentes caros para me conquistar. “Ele acha que sou uma prostituta não é possível”. Se eu sou fosse pelo menos iria querer receber em dinheiro, pelo menos iria gastar com algo que não me lembrasse ele”.
Cena 4
Me visto e vou para a cozinha comer alguma coisa, como algo que eu não deveria, me sinto mal por ingerir tantas calorias e pensar que elas estão inchando meu quadril. Mas continuo, “Amanhã eu começo o meu regime”... Mais planos...
A Internet e a televisão disputam quem é mais fútil e inútil. “Há controvérsias eu sei”, mas sou do tempo que para se obter uma informação útil e interessante eu devo recorrer a um papel não a uma tela... “E eu ainda me acho uma garota” ... rs...bizarro.
Neste apartamento minúsculo no centro, não consigo me abster dos barulhos, mas até que gosto deles. Quando pego meu violão e desafino algumas notas parece que esta cidade me ouve e conversa comigo, "essa ilusão é que me mantém aparentemente sã".
Cena 5
Antes de dormir, leio um pouco, fumo um cigarro e tomo um café, tento prolongar um pouco mais esta noite. Que não tem nada de especial ou diferente das outras, mas dizem que cada dia é um dia único ,“Há controvérsias”. Penso em fazer diferente na próxima vez... mais planos... "Mas para quem gosta de vida simples, é tão fácil viver dias únicos de noites iguais".
Me comparo com a estranheza disto tudo, tão parecido com a dramaturgia que cerca minha vida de cenas realistas, porém compostas em outros lugares. Creio que nesta narração, exista a verdade, somente há mudanças no cenário.
ResponderExcluirPortanto ser arquiteta de seus muros e pintora de seus quadros, é o que faz os pensamentos serem mais envolventes.
Rosas são veludos.
comentário em uma noite qualquer( perdoe a paráfrase)
ResponderExcluiruma música do Pink Floyd, define meu estado em relação ao teu texto, o estado de estar "Comfortably Numb". É que as tuas cenas ou cinegrafias memoriais do cotidiano me identificam "entorpecido" na constatação de como cada coisa cria a idéia de constituição ou existência.Tenho visto poucas veses a nossa subjetividade voltada para a descrição sincera destas pequenas e grandes coisas que nos constituem, teu texto para mim foi um dessas veses. Enfim te digo Talita, que tambem sou desses que toca violão na tentativa de tentar adicionar barulhos mais a realidade, ou aquele dos planos sempre pensados, ou o pensador de obscenidades( logicamente!), ou o jovem jovem demais( isto me lembrou até uma música do Renato Russo).
sempre "Linhifique" um pouco ou muito dessas suas siceridades que estarei a postos para ler em uma noite qualquer
obs: as controvérsias são o conbustível da não-apatia ou da criação nova-velha-nova-velha...
empatia e até!