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"Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (...) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Me acostumei tanto com o amargo que o doce já me é um tanto indigesto.
Porque agora bebo do líquido doce que esquenta o coração e dá frio na barriga.
Engulo-o com o mesmo receio e anseio de quem bebe uma garrafa antiga de um bom whisky sozinho.

Bem.. sozinho não, a dois. O que torna tudo mais perigoso.
Ambos bebem da mesma garrafa, e o líquido começa a afetar seus corpos e mente, embriagando –os.
A mente e os sentidos ficam alterados e em um certo momento já não se sabe quantos copos cada um tomou, quem bebeu mais, quem é o mais resistente.
Sabe-se somente que ambos estão bêbados demais para distinguir.

E a cada dose viciante, desperta o querer “ser e estar sempre presente”, queimando-se e consumindo-se.
Porque a cada gole/toque, entre dedos, olhos e boca deperta-se o desejo.

E quando a garrafa acaba(porque ela sempre acaba) resta apenas a grande ressaca...

Eu poderia terminar por aqui e deixar este texto um tanto melancólico e realmente indisgesto.
Já passei por isso muitas vezes... tantas que meu organismo absorve com temor a cada nova garrafa.

Porem como quem vos fala é quem bebe.
Digo que sinto uma onírica nostalgia que esta garrafa é diferente.
Que quando ela acabar, surgirá outra da mesma fonte.
..renovar-se é ser imortal?
Quem sabe ...relembrando o que dizem: “somente quem bebe têm história”

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